Assassinato, assédio em coletivos, espancamentos e ameaças são alguns crimes que fazem diversas mulheres vítimas da violência em todo o estado. Valdilene da Silva Santos, 38 anos, integrou essa estatística quando foi internada em estado no Hospital Geral do Estado (HGE), após ter sido agredida pelo esposo.
De janeiro ao início de agosto deste ano, a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP) registrou 2829 ocorrências ligadas à Lei Maria da Penha, tendo os municípios de Rio Largo e Arapiraca como os líderes no ranking no número de casos.
Em um comparativo, em 2017, Arapiraca teve 318 mulheres vítimas de violência doméstica. Esse ano já são 199 e a estatística do ano passado pode ser ultrapassada. Rio Largo foram 100 ocorrências e esse ano já são 67.
Assédio nos coletivos
A estimativa é que um número maior de casos de assédio sexual dentro dos ônibus tenha ocorrido em Maceió, mas não denunciado pelas vítimas. De acordo com a SSP, em 2016 foram confeccionado quatro Boletins de Ocorrência por assédio, em 2017 foram cinco, a mesma quantidade já contabilizada esse ano.
A estudante de Relações Públicas Patrícia Leal destaca que o assédio nem sempre é visto como algo grave. “Desde muito nova já andava sempre atenta, não só por medo de assalto, mas, principalmente, de ser vítima de violência sexual. E o assédio nos ônibus e ruas, apesar de não ser visto por muitos como algo grave, pra nós, mulheres, é uma violência porque invade nossa intimidade e nos constrange”.
Patrícia conta que já presenciou um caso de assédio e ficou abismada por ninguém tomar nenhuma atitude. “Eu era adolescente, estava voltando do colégio, quando presenciei uma situação que não esqueci até hoje. Uma menina, que deveria ter uns 12 anos, foi ‘encoxada’ durante quase toda viagem no ônibus por um homem que parecia ter mais de 40 anos”.
“Ela estava nitidamente incomodada e tentou se desvencilhar do assediador, que não se afastava. As pessoas não faziam nada, então eu a chamei e puxei pra frente da minha cadeira. A menina tremia e quase chorou. Desde então, quando percebo assédio desse tipo em transporte coletivo, encaro o assediador e tento chamar atenção das pessoas em volta. Não tenho medo, sou do tipo que reage (como fez a jovem do vídeo que viralizou essa semana). Acho que nós temos mesmo que chamar a atenção, pedir ajuda, pois esse tipo de ato deve ser coibido e punido” fala a estudante.
A analista de mídias sociais Jullie Sammur lamenta que a prática de assédio nos transportes públicos continua sendo reproduzida. “É muito ruim ter que andar preocupada não só com os bens materiais por causa de assalto, mas também com possíveis assédios. Acho que não sei qual seria a minha reação porque a gente só sabe na hora, né? Infelizmente, temos que ficar alerta nos ônibus, mesmo nenhuma circunstância autorizando ou justificando o assédio”.