
Ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus terá que restituir aos cofres públicos mais de R$ 17 milhões desviados da contribuição dos segurados devidos e não repassados ao Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, do município no ano de 2014. A decisão é da juíza Juliana Batistela Guimaraes de Alencar.
A juíza determinou também a indisponibilidade de tantos bens do réu quanto bastem para ressarcir os danos causados ao erário, bem como para determinar a quebra do sigilo bancário dos anos de 2014 e 2015 e a quebra do sigilo fiscal do período de 2014 a 2015. Assim como buscas nos sistemas CNIB – Central Nacional de Indisponibilidades de Bens; RENAJUD; BACENJUD; INFOJUD, devendo os bloqueios serem realizados ate o valor do dano causado ao erário.
Já no ano de 2010, o relatório da Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa elaborado pelo Ministério Público Federal (MPF/AL) sobre a lavagem de dinheiro e desvio de verba pública no Município de Marechal Deodoro, levantou uma rede de desvios praticado pelo então prefeito de Marechal Deodoro Cristiano Matheus
Com isso, o MPF apontou que Cristiano Matheus mantinha uma relação estreita com a empresa, tanto que dois engenheiros saíram da construtora para trabalhar diretamente na prefeitura. O desvio de verbas públicas não ficou apenas concentrado na realização de obras e se estendeu também a área da educação, através de verbas destinadas para do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE).
O ex-prefeito chegou a interromper o andamento de Comissão Especial de Investigação (CEI) instaurada, no ano de 2015, que investigava a situação do transporte escolar.
Na Operação Kali que teve como alvos os proprietários da FP Construções e outros laranjas usados para cobrir o patrimônio levantado por Cristiano, constatou que somente um empresário movimentou mais R$ 14 milhões em sete meses.
As investigações apontam que o motorista particular do ex-prefeito de Marechal era pago pela Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas (Secult) e que, durante depoimento, disse nunca ter ido trabalhar na sede da secretaria. Cristiano também possuía uma sala no edifício comercial Terra Brasilis, localizado na Avenida da Paz, no Centro de Maceió, em nome desse motorista, comprado em 2012 pelo valor de R$ 200 mil oriundos do dinheiro lavado.
Um empresário, que não teve o nome divulgado, que era dono do apartamento em que Cristiano Matheus morava movimentou só em sete meses, entre dezembro de 2015 e julho de 2016, R$ 14 milhões na conta bancária dele, o que revela indícios de um rombo expressivo nos cofres públicos do município.
Em 2016, ainda prefeito, Cristiano contratou um projeto de móveis planejados em Maceió que custou R$ 110 mil pagos integralmente em espécie. De acordo com o proprietário da loja e de uma arquiteta que planejou os serviços, Cristiano ligou para o secretário de Finanças do município que pegou toda a quantia e entregou nas mãos dele.
