Há quase dois anos, Tite assumiu a seleção brasileira com uma dupla de zaga na cabeça: Thiago Silva e Miranda. Só que as lesões do antigo capitão e a sua condição física aquém do que o técnico imaginava, aliadas às ótimas atuações de Marquinhos, colocaram esse plano em risco. Agora, às vésperas do ato final, da Copa do Mundo, a ideia original dá sinais de que vai prevalecer.
Thiago Silva e Miranda serão titulares no amistoso deste domingo, contra a Croácia, e isso é um indício de que a dupla será mantida na Copa do Mundo, embora Marquinhos goze de altíssimo prestígio com a comissão técnica. Mas o que fez o veterano recuperar seu lugar?
Um programa de reabilitação física que teve o arranque final nos últimos seis meses, acompanhado inclusive pelo fisioterapeuta da Seleção – e também do PSG depois da Copa –, Bruno Mazziotti.
Em agosto de 2016, Tite não pôde incluir Thiago Silva em sua primeira lista por causa de uma lesão. Quando ele voltou, na convocação seguinte, sua condição física deficiente estava interferindo na parte técnica, enquanto Marquinhos voava. Não havia como justificar outra escolha.
Mesmo assim, Tite foi fazendo concessões e encontrando brechas para dar minutos de jogo a Thiago, de quem sempre foi fã. Ele entrou no finalzinho do jogo já decidido contra a Argentina, depois no intervalo da vitória sobre o Paraguai, e devagarinho foi recuperando o espaço que, na Copa do Mundo de quatro anos atrás, era seu e ninguém sequer ameaçava.
As lesões, entretanto, seguiram atrapalhando. Tite tentou colocá-lo mais vezes como titular, mas ele sentiu ainda no primeiro tempo do empate sem gols com a Bolívia, na altitude de La Paz. E as insistentes chances desperdiçadas davam a impressão que Marquinhos ficaria mesmo no time.
De janeiro para cá, Mazziotti passou mais tempo com Thiago Silva. Supervisionou cada ação e recomendou uma sequência de hábitos a serem cumpridos para que ele chegasse à Copa em condições de disputar a posição com Marquinhos e Miranda.
Uma lesão muscular sofrida no fim de fevereiro por Marquinhos foi o gancho de Tite para colocar Thiago Silva ao lado de Miranda nos amistosos de março contra Rússia e Alemanha. As boas atuações e as vitórias por 1 a 0 e 3 a 0, sem gols sofridos, convenceram o técnico a, enfim, concretizar sua ideia.
Depois de 11 dias com o grupo reunido, em preparação para a Copa do Mundo, a comissão técnica está empolgada com o ânimo e a disposição de Thiago Silva. Aos 33 anos, ele se tornou o único jogador prestes a disputar seu terceiro Mundial depois que Daniel Alves machucou o joelho com gravidade. Provavelmente será o último do zagueiro, e ele quer escrever uma história bem diferente de 2010, quando foi reserva, e principalmente de 2014, em que ficou marcado pelo choro e pela ausência no 7×1, fruto de um cartão amarelo tolo recebido contra a Colômbia.