
O major da Polícia Militar, Pedro Silva, morto em confronto com o Bope na noite deste sábado (7), em Maceió, havia sido preso menos de um mês antes em Palmeira dos Índios por violência doméstica. A denúncia, feita pelo próprio filho, apontava agressões contra a esposa e ameaças de morte aos familiares.
No episódio registrado em 10 de maio, Pedro Silva foi preso após o filho do casal, Pablo Victor Pereira Silva, procurar a polícia e relatar que o pai havia agredido a mãe e ameaçado a família. Ele foi conduzido à delegacia de Palmeira dos Índios, onde foi formalizado o flagrante. Depois disso, o major foi encaminhado à Academia da Polícia Militar, em Maceió, para cumprir pena administrativa.
Entretanto, neste sábado, o militar protagonizou uma tragédia no bairro Prado, na capital alagoana. Em surto psicótico, Pedro fez a própria família refém e assassinou o filho, de apenas 10 anos, e o cunhado
Conforme a investigação, Pedro estava detido na Academia da PM desde janeiro por violência doméstica e havia recebido autorização para passar o dia com os filhos. Durante a visita, ele conseguiu fugir da custódia. Segundo a polícia, o major interceptou o carro de um amigo que o acompanhava, esfaqueou-o na mão e o obrigou a levá-lo até a casa da ex-esposa, onde iniciou o sequestro.
Na residência, Pedro manteve cinco pessoas como reféns: a ex-companheira, o irmão e a irmã dela, além dos dois filhos — de 2 e 10 anos. As negociações foram conduzidas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), com o apoio da filha mais velha do major, de 32 anos, que, mesmo em período de resguardo após dar à luz, foi a única com quem ele aceitou conversar.
Três reféns foram resgatados com vida: a ex-esposa, a cunhada e a criança de 2 anos. Mas, infelizmente, o filho de 10 anos e o cunhado foram assassinados antes da entrada da polícia. Pedro Silva foi morto na intervenção do Bope, que agiu para salvar os reféns restantes.
Saiba mais sobre o caso:
Dentro da residência, ele manteve cinco pessoas como reféns: a ex-esposa, os dois filhos (de 2 e 10 anos), a irmã e o irmão dela, o sargento da PM Altamir Galvão, que viria a ser uma das vítimas fatais da ação.
Durante o cárcere, o major enviou vídeos diretamente para sua filha mais velha, de 32 anos, que está em resguardo após o parto de um bebê de um mês. Nos vídeos, Pedro aparece com os filhos dentro da casa e demonstrava forte instabilidade emocional.
A filha mais velha foi a única pessoa com quem ele aceitou negociar durante o sequestro. O celular dela foi entregue à polícia, que vai analisar os vídeos como parte da investigação. A atuação dela foi crucial para as negociações conduzidas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que buscava evitar uma tragédia ainda maior.
Apesar dos esforços, o major assassinou o filho de 10 anos, identificado como Pierre Victor Pereira da Silva, e o cunhado, o sargento Altamir Galvão, antes da entrada das equipes táticas. O Bope então interveio para salvar os demais reféns, matando Pedro Silva durante a operação.
Repercussão em Palmeira dos Índios e luto na escola
Pierre Victor era estudante em Palmeira dos Índios, cidade onde morava com a mãe. A escola onde estudava, o Complexo Educacional Agostiniano (CEA), divulgou uma nota de pesar emocionada, destacando o sorriso, a curiosidade e a alegria que o menino transmitia no ambiente escolar.
“É com os corações em luto que a família CEA se despede do nosso amado aluno […] Sua ausência deixará uma saudade imensa em nossos corredores e salas de aula.”
Polícia apura falhas na custódia da PM
A Polícia Civil e a Corregedoria da PM investigam como um oficial detido por violência doméstica conseguiu escapar da custódia e executar um plano tão violento. O celular da filha de 32 anos, com os vídeos enviados durante o sequestro, pode ser peça-chave na reconstrução dos fatos e na identificação de falhas operacionais.
Três pessoas foram resgatadas com vida: a ex-esposa, a cunhada e o filho mais novo, de apenas 2 anos. Elas estão recebendo apoio psicológico e seguem sob acompanhamento da rede de proteção social.
Homenagem da Câmara Municipal de Palmeira dos Indios
A Câmara Municipal de Palmeira dos Índios publicou nota de pesar em solidariedade à família de Pierre Victor, destacando o impacto da perda precoce do menino na comunidade local e sua lembrança como um garoto doce, alegre e dedicado aos estudos.
“Pierre, estudante da escola Santo Agostinho, era lembrado por sua doçura, alegria e dedicação aos estudos. Sua partida prematura deixa um vazio imenso”, diz a nota assinada pelo presidente da Câmara, Madson Monteiro.
Foto : reprodução vídeo
